HÁ PERIGO NA ESQUINA
São várias as atrações oferecidas no circo da vida onde, últimamente, o palhaço saiu do centro das atenções e sentou na platéia. O picadeiro agora está nas mãos de profissionais, onde a pureza foi afastada e o motivo de riso somos todos nós que passivamente assistimos o desenrolar dos atos que vai afetar, como sempre, nossas vidas em todos os segmentos.
Uma das frases mais famosas de Rui Barbosa foi proferida em seu discurso no Senado Federal em que afirmou: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.” (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa, V.41, t.3, 1914, p.86).
Estão cogitando lançar o palhaço-deputado como candidato a Prefeitura de São Paulo. É legítimo fazê-lo? É! Não há como impedir! Mas, é lícito também, arrazoar a respeito, a democracia nos outorga tal direito, para discorrer sobre uma figura que também foi objeto de análise do nosso nobre causídico em certa oportunidade, não tão popular como a que acima discorremos: O Elemento Servil.
A frase proferida por Rui Barbosa foi a seguinte: “ A existência do elemento servil é a maior das abominações.” (Rui Barbosa – Coletânea Literária, 28). Esse elemento servil não tem compromisso com nada, a não ser com seu próprio interesse momentâneo, e é facilmente identificável pelos seus manipuladores.
O abominável elemento servil é usado e manipulado a todo instante e seu grau de educação e cultura pouco importa, visto que a razão não predomina, apenas sentimentos momentâneos, esporádicos, definidos por qual lado da mesa se está naquele momento. Pouco importa para ele se sua atitude vai afetar o todo em um futuro não distante, o que ele precisa e sente necessidade é defender uma parte, mesmo não sabendo toda a verdade, visto que a verdade poderia contrariar seus interesses.
Sempre temos a esperança que estejamos nos adaptando a um processo democrático que reconquistamos e que vai sendo mais eficaz com o passar do tempo. Mas cremos que já está mais do que na hora de deixarmos de ser usados e prestarmos mais atenção no que acontece ao nosso redor.
Um figurão do esporte nacional acaba de afastar-se das suas funções, o que já fez em outra oportunidade, apostando na memória curta de uma população que não se lembra em quem votou nas eleições, passados seis meses, para voltar a ocupar, mais a frente, o mesmo cargo como se nada tivesse acontecido.
Esse elemento servil não é em muitas vezes um iletrado, nada contra este, um qualquer, é um cidadão até que bem sucedido, aparentando ter discernimento e honesto nos princípios que norteiam sua vida. Mas é um elemento servil, fácil de ser manipulado, tornando-se, em determinadas ocasiões, um ser abominável, ou a maior das abominações como afirmou nosso ilustre e nobre causídico.
Não está mais do que na hora de darmos um basta nisso? Vamos usar nosso direito de voto com mais seriedade e discernimento. Vamos deixar definitivamente de sermos aquilo que o poeta-cantor afirmou em uma canção:” .....vida de gado, povo marcado, povo feliz”. Cuidado! Como diz uma outra velha canção: “há perigo na esquina.”
Ademir Penteado
Escrito em 08 de Março de 2012 – 21.27 h
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