O GLOBO
Petista acha que alguns aspectos são desfavoráveis à defesa
THIAGO HERDY
Publicado:2/10/12 - 22h50
Atualizado:2/10/12 - 23h34
Pesar. Luís Lima acha que Barbosa vai corroborar a tese de acusaçãoAGÊNCIA O GLOBO / AILTON DE FREITAS
SÃO PAULO - Principal integrante do núcleo político que será julgado a partir desta quarta-feira por corrupção ativa na ação penal do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu acompanha a sessão com pessimismo, segundo pessoas próximas a ele. Embora mantenha a convicção de que as acusações do Ministério Público não sustentam uma condenação, o petista reconhece que alterações de jurisprudência durante o julgamento são desfavoráveis à sua defesa, como, por exemplo, o fim da exigência de ato de ofício comprometedor para condenação por corrupção.
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O advogado de Dirceu, José Luís Mendes de Oliveira Lima, aguardará o fim do voto do ministro relator Joaquim Barbosa para redigir, durante a madrugada, um último memorial a ser entregue aos outros ministros na quinta-feira. Embora considere vagas as menções de Barbosa ao seu cliente, Lima admite que Barbosa deverá apresentar voto corroborando a tese de acusação. Por isso, a última cartada é tentar convencer os outros ministros.
Ao condenar dirigentes do Banco Rural, Barbosa ligou Dirceu diretamente ao esquema criminoso de distribuição de recursos a parlamentares e aliados durante o governo Lula. Dirceu vem preparando a família para uma eventual condenação e considera três cenários possíveis até o fim do julgamento: sua absolvição dos crimes imputados pelo procurador da República, que ele próprio considera pouco provável; uma condenação sob pena branda; e o cenário mais difícil, a condenação com direito a prisão.
— Zé tem algo de sobrevivente, ele já aprendeu a cair e se levantar. Não tem essa história de estar em depressão, isso eu nunca vi. Vejo-o tranquilo sobre sua situação e com a convicção de defender sua inocência até o fim da vida — diz o amigo Breno Altman, que na última semana publicou artigo classificando a ação penal como um “julgamento de exceção” e recebeu um e-mail de agradecimento do ex-ministro.
Dirceu aguarda sinalização do ex-presidente Lula para decidir como se comportar depois do julgamento e sobre eventual ação contra o veredicto em cortes internacionais. Ele acha que Lula pode tomar frente neste processo em defesa do legado do partido, a exemplo da recente mobilização pela publicação de nota assinada por partidos da base aliada. O ato foi bem interpretado por Dirceu e também pelo ex-presidente do PT José Genoino, que estava se sentindo abandonado pelo partido e também será julgado a partir de hoje. Genoino acompanha a sessão em casa, em São Paulo.
Em blog, Dirceu comenta a última semana de campanha em São Paulo. Ontem, afirmou que José Serra foi “abandonado” pela maioria de seu partido e que “só fala do mensalão”.
“Não tem outro assunto. Recorreu ao tema até para responder à observação do presidente Lula, de que ele fica correndo de um cargo para outro, abandonando o mandato para o qual se elege para disputar outro, como fez na prefeitura de São Paulo, que largou 16 meses após tomar posse”, escreveu.
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